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Cem anos de Brasil nos Jogos Olímpicos: uma trajetória notável e de evolução constante

Segunda, 03 de Agosto de 2020, 08h21
Uma história centenária, repleta de conquistas e grandes exemplos, cujo roteiro é ampliado a cada quatro anos com novas e boas histórias de superação e sucesso. Assim pode ser resumida a trajetória brasileira em Jogos Olímpicos, iniciada em Antuérpia 1920, quando conquistamos nossas três primeiras medalhas, de um total de 129.

Em 2 de agosto de 1920, logo nas primeiras provas disputadas por uma representação nacional na história do evento, Afrânio Costa e a equipe brasileira garantiram duas conquistas. Na pistola de tiro livre, o atirador do Fluminense ficou com a medalha de prata. Horas depois, a equipe brasileira formada ainda por Guilherme Paraense, Sebastião Wolf, Dario Barbosa e Fernando Soledade conquistaram o bronze na disputa por países, que ocorreu concomitantemente à prova individual. No dia seguinte, o Brasil "completaria o pódio olímpico" com o ouro de Guilherme Paraense na prova de tiro rápido. Um desempenho impressionante para uma delegação de apenas 21 atletas que enfrentou todo tipo de dificuldade apenas para representar o país na Bélgica.

"Os Jogos de Antuérpia são apenas o primeiro capítulo de um belíssimo enredo construído pelos atletas brasileiros. São 129 medalhas e novos ídolos que surgem a cada nova edição de Jogos Olímpicos. Ao relembramos essa história e relembrarmos os feitos dos pioneiros, esperamos inspirar novas páginas da centenária e vitoriosa história olímpica do Brasil", afirmou o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley.

Após a edição de Antuérpia 1920, o Brasil voltou a participar dos Jogos Olímpicos outras 21 vezes e a marcar seu nome na história da competição em diversas ocasiões. Podemos citar Maria Lenk, primeira mulher sul-americana a participar do evento, em Los Angeles 1932; Adhemar Ferreira da Silva, bicampeão no salto triplo (Helsinque 1952 e Melbourne 1956), tendo quebrado o recorde mundial da prova na primeira conquista e o recorde olímpico na segunda; as duplas Jackie Silva/Sandra Pires e Adriana Samuel/Mônica Rodrigues, primeiras brasileiras medalhistas olímpicas, que protagonizaram a final do vôlei de praia em Atlanta 1996, quando a modalidade ingressou no programa dos Jogos; os iatistas Torben Grael e Robert Scheidt, donos de cinco medalhas olímpicas cada pela longevidade no mais alto nível esportivo; e Vanderlei Cordeiro de Lima, único brasileiro a ter a medalha Pierre de Coubertin, após o exemplo de superação demonstrado na maratona em Atenas 2004.

Na celebração deste centenário, uma coisa é inegável: a evolução brasileira a cada quadriênio é notória. Nas últimas seis edições de Jogos Olímpicos, o país conquistou 90 de suas 129 medalhas, 70 do total. O recorde foi obtido na Rio 2016: foram 19 medalhas, sendo sete de ouro, seis de prata e seis de bronze. Para Tóquio 2020, com uma delegação de cerca de 170 atletas, o Brasil deve, mais uma vez, se manter entre as potências olímpicas mundiais e aumentar o seu quadro de medalhas.

"O ciclo olímpico Tóquio 2020 impôs novos desafios. Uma edição de Jogos Olímpicos do outro lado do mundo já exigia um árduo trabalho de preparação, mas ainda houve a pandemia do novo coronavírus e o adiamento do evento. Num cenário de incertezas em que passamos, pela segunda vez, pelo marco de um ano para Tóquio 2020, nosso trabalho nos permite acreditar firmemente em duas coisas: nossos atletas estarão preparados para manter o crescimento do Brasil no cenário olímpico e nossa bandeira será hasteada no Japão no ano que vem", completou Paulo Wanderley.

Conheça Afrânio Costa, primeiro medalhista olímpico do Brasil

Afrânio Costa pode ser definido como um homem que nasceu para brilhar. No esporte, merece uma posição de destaque entre os heróis olímpicos do Brasil. Foi o primeiro brasileiro a ter conquistado uma medalha nos Jogos, quando faturou a prata na pistola livre, em 2 de agosto de 1920, na Antuérpia. No mesmo dia, foi decisivo para a conquista da segunda medalha olímpica do Brasil, o bronze por equipes, com seu desempenho como último atirador da equipe. A atuação dele se torna ainda mais importante quando se descobre que, como chefe da delegação de tiro nos Jogos de 1920, foi o responsável por pedir equipamentos emprestados aos norte-americanos, já que os brasileiros tiveram os seus materiais roubados antes da competição. Ainda como atleta, foi campeão Brasileiro dezessete vezes e conquistou um total de 154 títulos.

Nascido em Macaé em 14 de março de 1892, se formou em Direito em 1912 e compartilhou um escritório de advocacia com seu pai, também advogado, até 1931, quando foi nomeado juiz. Teve uma atuação destacada como jurista, tendo ocupado os cargos de ministro do Tribunal Federal de Recursos e ministro do Supremo Tribunal Federal - onde comandou as eleições para presidente e para o Congresso em 1946. A biblioteca do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no Centro do Rio de Janeiro, tem o nome dele como homenagem. Aposentado da Magistratura, se dedicou a gerenciar o hospital Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, de 1960 a 1976.

O legado de Afrânio para o esporte brasileiro é enorme. Diretor de tiro esportivo do Fluminense, ele ajudou a construir o primeiro estande para os atletas no clube. Foi justamente nas Laranjeiras que a equipe brasileira se preparou para sua estreia em Jogos Olímpicos. Também foi um dos fundadores da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo, tendo sido um de seus presidentes, e foi o principal nome da implantação do tiro esportivo no Brasil. Foi também presidente da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA), chefiando a delegação brasileira na Copa do Mundo FIFA de 1930, no Uruguai.

Afrânio Antônio da Costa faleceu no Rio de Janeiro, em 26 de junho de 1979, aos 87 anos. Sua história jamais será esquecida e deve servir de inspiração para todos os atletas brasileiros.

Texto original: Comunicação/COB

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